Sabedoria Umbandista

Texto escrito pelo nosso irmão Sid Soares

A parte boa de ser educado por Preto Velho ou Preta Velha é que a gente aprende a ter uma visão (um pouco) mais abrangente de tudo. Aprende a mergulhar nas situações sem nos deter na primeira impressão das coisas, ou que as pessoas nos dão.

A parte ruim é que a elegância adquirida pela convivência com eles nos faz andar na contramão da maldade, caminhando em silêncio com Deus. Que aos olhos mais verdes pode parecer covardia ou aquiescência com o mal. É apenas sossego.

A parte verdadeiramente importante é que na travessia por qualquer caminho que se escolha andar, com fé, respeito e verdade, você nunca vai estar sozinho.

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Ame o Amor

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Os meus pais fizeram da Umbanda uma extensão das suas vidas, meu pai o primeiro dirigente da Tenda e minha mãe sua continuação acreditam fortemente no amor incondicional. O amor que transborda e não faz nenhum tipo de restrição. Levam como lema de vida, o próprio lema da Umbanda: a manifestação do espírito para a prática da caridade. Nós, seus filhos canais e espirituais, incorporamos o amor e a caridade, essas duas energias estão dentro de nós, embora sejamos ainda imperfeitos, mas vemos nos outros seres, potências divinas. Minha mãe criou para si e para todos nós um lema “AME O AMOR”, papai também já o tinha adotado antes de partir para Aruanda. Por isso, nesse final de ano, nossa mensagem será sessa:

AME O AMOR

BOAS FESTAS

FELIZ 2020

Saravá!

Mabaça – Os gêmeos em nós

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Texto de Sid Soares

Esse é o mês das crianças dentro da Umbanda, se no 13 de maio sobe aos céus do país uma energia de liberdade e gratidão, hoje os terreiros e tendas são fontes de riso, alegria, da inocência e pureza que nos religa a Deus. São Cosme e São Damião nas imagens mais conhecidas e os santos Crispim e Crispiniano que são reverenciados no mundo todo e aqui mais ainda, onde há um santo para cada dor, para cada prece encerrando esse ciclo no dia 25 de Outubro. Não por acaso a Umbanda é sustentada por um triangulo de forças divinas que representam as três fases da vida humana, assim temos o Preto Velho, o Caboclo e por fim o Erê, e ser envolvido por este triangulo é ter a certeza de precisamos seja qual for a fase da vida termos a humildade e sabedoria, a vitalidade e firmeza com a serenidade, e a esperança e a fé.Os santos gêmeos católicos São Cosme e São Damião nasceram na Arábia, eram filhos de Teodata e curavam sem cobrar por isso através de remédios e de orações que faziam aos desenganados. Por esse motivo eram chamados de anárgiros (“ana”desprovido de ou que não aceita e “argiros” prata ou dinheiro). Tinham mais cinco irmãos que no Brasil são representados por Doum, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi.

O culto aos santos veio para o Brasil trazido pelos portugueses que aqui se misturou ao culto africano aos gêmeos Ibeji na nação Ketu ou Nvuji na nação Angola ( que na Umbanda recebe o nome de Ibejada, linha que compreende espíritos que trabalham na faixa vibratória desse orixá) e se misturou ainda ao deuses gêmeos indígenas, Tamendonare e Aricoute que deram segundo a mitologia, origem aos povos Tupinambás e Temininós.

Nesse rearranjo brasileiro o próprio caruru feito para ofertar aos dois-dois tem origem indígena no alimento chamado caá-riru ou “erva de comer”, que era feito com bredo e que depois ganhou o quiabo pelos africanos.

Com essa mistura toda de crenças o que mais importa é o companheirismo e a alegria que anda tão escassa, que devem ser gêmeos em nós, assim como a fé e a esperança. Erê é uma palavra que significa brincar, e define o caminho entre nós e Orixá, o consciente e inconsciente, e na nossa jornada tão cheia de coisas, de mágoas e descaminhos vamos nos perdendo da brincadeira, dos companheiros, das amizades, dos irmãos.

A gente precisa se reencontrar ou aprender com o nosso gêmeo, que é aquele “eu” que sabia que por mais difícil que fosse, ia passar, que uma gargalhada resolve muita coisa, que uma brincadeira de roda pode curar, e que uma prece feita com esperança e inocência sempre é atendida! Tenha o nome que tiver, o que não dá pra desaprender é o bom e velho levantar depois de um tombo ou um joelho ralado, após uma topada numa pedra, ou o tão esquecido “ficar de bem” por que criança de verdade come doce, não mágoa!

“Filho de fé estava doente
Filho de fé estava chorando
Filho de fé viu Ibejada
Filho de fé já está cantando!”

Conversa de terreiro – Desenvolvimento e Incorporação

Mais uma conversa com o nosso dirigente, Ivo de Carvalho. 

Gostaríamos de esclarecer que nossos bate-papos são referentes as práticas que acontecem na nossa Tenda. cada casa de Umbanda tem sua ritualística própria. Não temos a intenção de ensinar nada, apenas queremos mostrar como acontece na Tenda Espírita Pai mané de Aruanda. Mais uma contribuição para esse universo tão vasto que é a nossa linda religião. Coma palavra Babaloriá Ivo de Carvalho. 

 

Faltou a finalização do nosso vídeo, acabou o espaço no celular, mas vimos que está completo no que queríamos apresentar-lhes, por isso decidimos publicá-lo.

Sessão de Mesa = Descarrego

Como a nossa próxima sessão do dia 4 de agosto será uma sessão de Mesa, gostaria de explicar como ela acontece em nossa casa.  

Mesa de Oxalá

Por Sylvia Arcuri

A sessão de Mesa acontece ao redor de uma mesa com uma toalha branca estendida, por isso muitos denominarem e associarem ao nome a cor branca. A cor também está ligada a Oxalá, o Orixá maior dentro da Umbanda que, dentro do sincretismo, refere-se a Jesus Cristo. Além disso, a cor branca, segundo a cromoterapia, indica claridade, pureza e iluminação; representa a inocência, a verdade e a integridade do mundo; simboliza o caminho e o esforço em direção à perfeição. É indicada para cura em geral, purificação e abertura à luz. Por esse motivo o nome: “mesa branca”. 

Antes de começar os trabalhos mediúnicos, em volta da mesa, e depois de termos feito a abertura da sessão, evocamos os caboclos que participarão dos trabalhos realizados na mesa em si. No nosso caso, a mesa possui oito espaços para que os médiuns incorporados,  ou não, ocupem e ficam quatro espaços vazios, um em cada ponta da mesa para que  o consulente sente-se. O dirigente da mesa (que muitas vezes é uma pessoa diferente do dirigente da casa) faz uma preleção, geralmente lê uma página relacionada com as questões espirituais, pede-se permissão para começar a sessão ao espírito que, junto com o dirigente da casa irá comandar os trabalhos, no nosso caso, a permissão é solicitada a Bezerra de Menezes, um espírito conhecido dentro do Kardecismo. 

Pode-se dizer que a sessão de Mesa tem semelhanças com a Doutrina Kardecista?

Sim e não, a semelhança é que existe uma página e um “mini estudo” ou uma interpretação sobre a página lida. Depois de aberta a mesa, fazemos a fluidificação da água que servirá como remédio para os que estão ali no espaço da Tenda, todos tomam um cálice da água fluidificada com a intenção de curar algum mal que o aflige, seja ele físico, de ordem emocional ou espiritual. Passa-se pela mesa os papeis para irradiação á distância, nomes, endereços e necessidades das pessoas que não puderam estar presente. Os médiuns incorporados à mesa, juntos aos espíritos desencarnados de luz, que auxilam no trabalho, fazem uma espécie de ronda espiritual, chegando até o lugar, visitando aquela pessoa cujo nome encontra-se no papel. Depois, os assistentes, que estão naquele momento na tenda, passam pela mesa, geralmente sentam de quatro em quatro e havendo a necessidade, passa-se individualmente aquele(a) que precisa, por alguma orientação, sentar sozinho(a). Nesse momento, pode acontecer orientações aos espíritos desencarnados que chegam até a mesa. Faz-se uma espécie de doutrinação, alertando aquele espírito sofredor que ele já não pertence mais a esse mundo, ou que ele deve deixar de perturbar determinada pessoa, de estar ao lado dela, implicando no seu processo de evolução em outro espaço,  mas muitas outras coisas acontecem durante essa sessão, como, por exemplo a psicografia de mensagens, cada dia é de um jeito. 

Dentro da Doutrina Kardecista, essa sessão é uma sessão fechada para os assistentes. No Espaço da Umbanda, não. Nem todos os terreiros, centros ou tendas umbandista desenvolvem esse tipo de sessão, que também está no rol das sessões que permitem a evolução do médium e de sua entidade. O médium que for convocado para participar da mesa deve ter feito, no dia anterior, um resguardo,  que seria cuidar do corpo e da sua parte emocional,  não ingerindo carne vermelha ou bebida alcoólica,ter cultivado bons pensamentos e não ter passados por momentos extremos de estresse,   se o médium sentir que não está preparado para fazer parte desse trabalho deve sinalizar ao dirigente da casa. 

Para que fica mais esclarecido, existe uma confusão  em relação a Mesa Branca e o Espiritismo e isso talvez seja motivado pela semelhança que existe em alguns pontos, como por exemplo a comunicação mediúnica com os espíritos e a crença na reencarnação. O Espiritismo é uma doutrina científica e filosófica codificada em 1857 por Allan Kardec.

Por que consideramos a sessão de Mesa como uma sessão de Descarrego?

Porque, nesse momento, há a permissão de espíritos desencarnados, que muitas vezes veem acompanhando o consulente, chegarem à mesa através de um médium e receber as orientações necessárias para continuar sua caminhada espiritual, é como se esse espirito recebesse um acalando, um afago, um alento, pois é dito para ele que ele é importante e que deve seguir o seu caminho sem importunar a vida de quem permitiu a sua chegada até aquele ambiente de amor e paz.  Além disso, essa sessão serve para reequilibrar a energia e fazer a limpeza astral de todos que dividem o ambiente, tantos encarnados e desencarnados. A sessão de mesa é para aliviar todas as tensões físicas, emocionais e espirituais, é um momento de descarregar as energias “ruins”, “pesadas” que foram acumuladas durante dias e que precisam ser retiradas, transmutadas e renovadas. 

 

A foto do post não é da nossa Tenda.

Foi retirada de outra página, para vê-la,  clique aqui

 

 

Qual a ligação de Santo Antônio com Exu?

“Santo Antônio mandou

Santo Antônio é quem manda

Santo Antônio mandou

Exu Sete Estradas firma nossa banda”

Assim começa o ponto do Exu que comanda a Gira de Descarrego na nossa Tenda e no final pede licença… 

“Com licença de Ogum 

E de meu Santo Antônio 

Ele vem trabalhar”

Não é uma licença para chegar  e ficar, mas é para trabalhar e evoluir. Em uma escala hierárquica, Exu é a entidade mais perto dos humanos. Sim, na Umbanda Exu é entidade,  teve matéria encarnada, já no Candomblé ele é um Orixá. Quando se diz que é a mais perto dos humanos, talvez explique o fato de sua ligação com Santo Antônio, o “santo casamenteiro” como se apresenta popularmente o santo.

Se, por um lado,  Exu é a energia de ligação do mundo dos humanos com as esferas espirituais, é a entidade que realiza a limpeza mais densa, aquela que resolve os problemas “pesados”, a que constrói pontes, estradas, vias de passagens simbólicas amenizando as mazelas da humanidade; por outro,  Santo Antônio também está muito ligado aos humanos, um dos santos mais populares da Igreja Católica, quando em vida, um excelente orador, deixou todos os bens materiais para se dedicar aos mais necessitados, não se conformava com a desigualdade que existia, o que pode também ser atribuída a sua ligação com Exu. Ambos com o poder da palavra que encanta, ensina, ajuda, fortalece, ameniza, transfere, abre caminhos, (principalmente os relacionados as questões amorosas). Mas não é só a energia da abertura e do amor que essas duas figuras representam; no campo simbólico, elas cumprem um papel fundamental o de religar os seus adeptos ao seu eu interior, a sua divindade pessoal e a Zambi, Deus, como preferirem. Tanto Exu como Santo Antônio constroem pontes, saídas ligadas à energia amorosa, que carece muito nos dias atuais. Os dois entendem as aflições, os conflitos e as lutas humanas. E, com sua palavra mais próxima, podem aconselhar, afagar, curar. Embora seja uma das entidades mais brincalhona dentro dos Terreiros de Umbanda, Exu é sério no seu trabalho, trabalha em conjunto com outras entidades e com os Orixás, no caso Ogum que o concede a permissão de chegar e prestar a caridade. Exu NÃO é Lucifér, não é Diabo, essa figura do anjo caído não existe nas religiões de matrizes africana, assim como Santo Antônio também não traz essa ligação.

Enquanto a Igreja Católica, no mês de junho, saúda os Santos Antônio,  João e Pedro, as casas, as tendas e os terreiros de Umbanda saúdam Exú e Xangô. 

Exu e Santo Antônio são: fé,  poder, equilíbrio,  trabalho, esperança, encanto, caridade, bondade, solidariedade, sensibilidade, reciprocidade  e amor. 

Laroyê,

Exu, é Mojibá!

Salve Santo Antônio!

Nossa homenagem e festa para Exu será no próximo sábado dia 16 de junho. Venham comer o pãozinho de santo Antônio e pular a fogueira!

Segue o vídeo do ponto cantado pelo seu compositor e nosso dirigente Ivo de Carvalho.

 

 

Texto: Sylvia Helena de Carvalho Arcuri

História de um Preto-velho

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Texto retirado da página do facebook: Em Defesa da Umbanda

Tudo começou na pequena Paranapiacaba, uma vila pitoresca, com arquitetura e clima que lembra as cidades inglesas do século XIX e destinada à moradia dos trabalhadores da Rede Ferroviária Federal.

As casas – algumas mais simples (onde moravam os trabalhadores mais humildes), outras mais requintadas (que abrigavam os engenheiros da ferrovia, os verdadeiros mandatários da empresa) – eram de madeira, pintadas de um tom entre o vermelho e o marrom, enquanto as de alvenaria, mais simples, eram pintadas de cal com um pigmento amarelo.

Parece que esses detalhes imprimiam um aspecto ainda mais melancólico ao local.

Mas a casa onde dona Lidia morava não se encaixava em nenhum desses quesitos.

Era uma casa extremamente humilde, de madeira, já bem úmida e surrada pelo tempo, a última casa da rua abrigava a boa senhora, o marido e o casal de filhos.

Os fundos do quintal davam para a mata fechada, que era bela, mas trazia alguns problemas, tais como a invasão de animais indesejados (cobras, morcegos, sapos), além de causar uma sensação de insegurança bastante justificável – tipos suspeitos costumavam se esgueirar por aquele local, sabe-se lá com qual finalidade.

Tudo isso deixava dona Lidia apreensiva, pois seu marido, seu Sergio, saía para trabalhar antes do amanhecer e só voltava ao cair da tarde.

Isso a fazia sentir-se refém da situação, junto aos filhos, durante todo o dia.

Em uma triste ocasião, um vizinho maldoso tentou arrastar a filha do casal para o matagal, com as piores intenções.

Só não conseguiu seu intento porque outros moradores perceberam o movimento e agiram a tempo.

A vila era pequena e existiam algumas casas, melhor localizadas, que estavam desocupadas.

Dona Lidia sempre pedia ao marido que solicitasse junto à sua chefia uma outra moradia, mas ele sempre retornava dizendo que o pedido havia sido negado.

Numa atitude de desespero, sem que o marido soubesse, ela pegou os dois filhos e foi São Paulo, tentar conversar com o superintendente da RFFSA.

Após horas de cansativa espera foi atendida. O engenheiro a recebeu bem, ouviu a sua história, mas cordialmente disse que não atenderia o seu pedido.

Explicou que seu Sergio era um excelente profissional e dentro da empresa somente ele dominava a técnica de desenhar manualmente (naquela época era assim) as letras que identificavam os vagões. 
No entanto, por ser consciente disso, era um tanto abusado em seu comportamento.

Desrespeitava a hierarquia da empresa, não cumpria corretamente seu horário de trabalho, brigava, discutia com os superiores, enfim, era bom no que fazia, mas não era merecedor de privilégios devido ao mau comportamento.

Dona Lidia foi embora arrasada, deprimida.

Precisava sair daquela casa a qualquer custo.

Sentia um nó na garganta, mas segurou o choro para não abalar as crianças.

Resolveu então visitar uma cunhada que morava ali perto, a fim de desabafar um pouco.

Chegando lá, falou sobre sua angústia e a cunhada, percebendo que ela não estava bem, convidou-a a ir até uma vizinha que era benzedeira.

Lá chegando foram prontamente atendidas e a senhora incorporou uma entidade que se identificou como o preto velho Pai João Benedito.

O bom espírito deu um passe em dona Lidia e seus filhos e, depois de falar palavras de conforto, disse:

“A fia pode ficar sossegada, esse preto velho vai ajudar a fia a conseguir o que precisa”.

Dona Lidia voltou para casa mais leve, já conformada em ter que viver naquela casa velha, úmida e sem segurança.

Mas ao menos sentia que estava protegida espiritualmente.

Algum tempo se passou e a conversa com o preto velho já estava caindo no esquecimento, afinal, como um espírito de um escravo poderia interferir na mudança de uma casa?
.
Uma noite, seu Sergio adormeceu assistindo à TV junto com a filha no sofá da sala.

Dona Lidia cansada do trabalho diário, foi para a cama e colocou o filho mais novo na cama (a casa era tão pequena que todos dormiam no mesmo quarto).

Quando estava quase adormecendo ouviu barulho vindo da janela do quarto.

Seu medo foi tamanho, que ficou paralisada: não conseguia se mover ou gritar pelo marido.

Seu medo aumentou quando lembrou que a cama em que o filho pequeno dormia ficava logo abaixo da janela.

Ainda paralisada e apavorada percebeu a janela se mexer e viu que lentamente alguém a levantava.

Em poucos minutos o ladrão estaria dentro do quarto e, pior que isso, poderia fazer o pequeno menino de refém.

Os poucos segundos pareceram uma eternidade.

Quando enfim a janela estava aberta, um homem negro, de cabelos levemente grisalhos enfiou a cabeça pela janela e olhou diretamente nos olhos de dona Lidia.

Foi nesse instante que ela saiu daquele torpor e conseguiu gritar por socorro. Seu marido acordou assustado e veio correndo.

Nisso o negro soltou a janela, que desceu com violência, quebrando todos os vidros, e sumiu no mato.

A polícia foi chamada e vasculhou todo o matagal sem encontrar qualquer indício do invasor.

A janela mostrava os sinais de arrombamento e, felizmente, os cacos de vidro não causaram sequer um arranhão no pequeno menino que fora atingido pelos estilhaços.

Se tratando de uma vila pequena, o caso se tornou conhecido de todos os moradores.

Todos comentavam sobre a casa no matagal, que expunha seus moradores aos mais diversos riscos.

Diante da situação, os mandatários da RFFSA ficaram preocupados, pois se algo mais grave acontecesse, especialmente às crianças, eles poderiam ser responsabilizados.

Trataram então de ceder uma nova moradia à dona Lidia e sua família, num local mais tranquilo e seguro de Paranapiacaba.

A casa velha e úmida foi demolida. Ninguém mais sofreria nela.
A mudança foi feita. Na nova casa dona Lidia iniciou uma nova vida, mais tranquila e feliz.

Algum tempo depois visitou a cunhada e novamente foi convidada a “tomar um passe” com aquela mesma benzedeira, que de novo incorporou a doce figura de Pai João Benedito.

Após breve conversa, o velhinho perguntou a dona Lidia:
-“A fia está feliz na casa nova?”

Ela respondeu que sim e começou a relatar o ocorrido, quando tentaram invadir a casa, porém foi interrompida pelo preto velho, que disse:

“-Não precisa contar, não fia… eu sei o que aconteceu. 
Quem levantou aquela janela não foi um ladrão e nem alguém que queria fazer mal para você e sua família.

Fui eu que estive lá.

Com a confusão que causei os homens que mandam acharam melhor dar uma casa nova para a fia morar”.
Dona Lidia ficou sem palavras, então o preto velho continuou, dizendo que a acompanharia e sempre que precisasse, para chamar pelo seu nome.

Pediu também que ela não esquecesse de colocar um cafezinho para ele todos os dias. 
Assim ela fez até o último dia de sua vida.

O filho de dona Lidia, depois de adulto, iniciou-se na Umbanda.

Aos poucos foi desenvolvendo sua mediunidade e recebendo suas entidades.

Quando o seu preto velho se manifestou pela primeira vez, perguntaram seu nome, ao que prontamente ele respondeu:
Sou Pai João Benedito, um nêgo veio que trabalha humildemente na Umbanda.

Acompanho esse cavalo desde que ele era um cabritinho.

A mãe dele foi sempre grata e fiel a mim, nunca se esquecendo de me oferecer um cafezinho num cantinho discreto da sua casa.

Agora eu vim para dar continuidade ao meu trabalho de caridade através desse menino, que eu conheço tão bem e que tantas vezes já orientei e protegi sem que ele nem percebesse.

Assim é a Umbanda: usa de meios que num primeiro momento não entendemos, usa métodos que até duvidamos, mas que sempre objetivam o nosso bem.

Assim são os pretos velhos: trabalham discretamente, de maneira sábia e humilde, sem pedir nada em troca, no máximo um cafezinho, que serve mais para reavivar nossa fé do que para qualquer outra coisa.

Salve Pai João Benedito.
Adorei as almas.

Fonte:Casa da Vovó Maria Rosa
Douglas Fersan

AS ERVAS E OS BANHOS NA UMBANDA E NO CANDOMBLÉ

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Vídeo e fotos: Nosso dirigente Ivo de Carvalho preparando o Amaci

 

Texto retirado do blog:  segredodasfolhas.blogspot.com

As ervas ,tanto na Umbanda como no Candomblé, são fundamentais.

Na Umbanda faz-se o Amaci, que é um ritual de iniciação e ao mesmo tempo de firmeza do anjo-da-guarda do médium.

Na Umbanda e no Candomblé, as ervas são usadas em diversas cerimônias, tais como sacudimento, banho de Abô e também nos trabalhos.

Na Umbanda as ervas também servem para o ritual de defumação, de forma diversas e para diversos fins. Sendo o principal fator afastar os maus fluidos e limpar o ambiente para uma boa vibração ou harmonia.

Cada orixá ou guia protetor tem as suas ervas preferidas. 
As ervas são usadas de acordo com o anjo-de guarda, Orixá, de cada pessoa.

Os banhos de ervas são, de uma maneira geral, rituais onde utilizamos elementos da natureza com o intuito de que haja uma troca energética entre o indivíduo e esses elementos naturais utilizados.

Os banhos de ervas servem principalmente para limpar as energias negativas, reequilibrar, aumentar a capacidade receptiva do aparelho mediúnico e desobstrução dos chacras.

Podem ser utilizados ervas secas ou frescas dando sempre preferência para as folhas frescas.

Os banhos de ervas frescas devem ser preparados por maceração, ou seja, as ervas devem ser colocadas em um recipiente com água e maceradas por alguns minutos.

Os banhos de ervas secas devem ser preparados por infusão, ou seja, essas ervas devem ser colocadas em uma vasilha com água fervente que será tampada e permanecerá assim por pelo menos 15 minutos.

Banho de Descarrego: Serve para livrar o indivíduo de cargas energéticas negativas.

Se não nos cuidarmos vamos adquirindo doenças, distúrbios e podemos até ser obsediado, por isso o banho de descarrego é fundamental.

Banho de Defesa: Serve para a manutenção energética dos chacras impedindo que eles se impregnem de energias nocivas em determinados rituais como, por exemplo, em oferendas em campo de força.

As ervas utilizadas para preparar este tipo de banho são aquelas relacionadas ao Orixá regente da pessoa ou aquelas que uma entidade receitar.

Banho de Energização: Reativa os centros energéticos e refaz o teor positivo da aura. É um banho que devemos utilizar regularmente e que devemos tomar antes ou até mesmo depois de uma gira espiritual.

Banho de Fixação: É utilizado para trabalhos ritualísticos e deve ser tomado apenas por médiuns que irão realizar um trabalho aprofundado e entrar em contato com entidades elevadas.

Este banho abre todos os chacras aguçando a percepção mediúnica e as ervas utilizadas nele devem ser as indicadas pelo chefe de terreiro ou pela entidade.

O AMACI é um banho de ervas que se faz no médium iniciante na Umbanda.

Este banho é dado inclusive na cabeça do médium e tem a finalidade de limpar o campo astral e preparar o médium para entrar na corrente mediúnica.

É uma preparação, uma espécie de primeira confirmação do médium na corrente.

É um vinculo energético do médium com o seu Orixá, com a casa e com o seu Babalorixá, porque somente ele pode dar este banho e colocar a mão na cabeça do médium.

A partir deste ponto, o médium é um médium de Umbanda e está energeticamente vinculado ao seu Orixá

Fonte: segredodasfolhas.blogspot.com

Nossos rituais

Por: Sid Soares

Se você está lendo isso se prepare, pois seu dia será marcado por rituais, a vida é feita deles, do simples fato de lavar o rosto, escovar os dentes, ao almoço de domingo em família ou o ato de queimar fotos e lembranças que nos trazem más recordações com a intenção de sepultá-las. Para isso nos valemos de tudo, fogo, objetos, e principalmente amigos, companheiros de caminhada que dividem conosco os pequenos atos sagrados de nossa intimidade.

Momentos bons e ruins devem ser marcados por rituais, isso fala a nossa alma e dão sentido e razão aos nossos sentimentos, passamos a vê-los de forma mais prática, concreta e viva, assim como aquilo que queremos pôr fora, seja bom ou ruim. Precisamos de um amigo para falar de nossas conquistas e vitórias, e também de nossas derrotas assim temos convicção de que se foi bom alguém irá sorrir conosco, ou o contrário e que depois é seguir em frente. Os ritos nos acompanham pela vida, em casa, na escola, no trabalho e nos templos.

Os ritos e rituais são muito importantes não só dentro da Umbanda como em outras crenças, tanto que o próprio Cristo viveu o batismo pelas mãos da Voz do Deserto e então se encheu do Espírito Santo, era chegada a hora do Seu testemunho.

Ainda que se diga que o mundo precisa menos de religião e de mais espiritualidade, seja qual for a religião, há no seu cerne a máxima de fazer o bem, de ser útil e do amor, e numa época onde tudo toma proporções maiores do que devem ter, onde o que norteia a maioria das pessoas é o EU e não o NÓS, a religião e seus ritos ainda são o prumo que nos auxilia o equilíbrio!

Mas todos os dias é necessário reforçar com as próprias forças essa caminhada, a busca pela ligação com o Mais Alto se dá a todo instante, na busca do autoconhecimento, na conexão com as forças da natureza que encerram os poderes divinos, no trabalho digno e acima de tudo na manutenção com nossa sagrada ligação com os mentores, com nosso anjo protetor.

Na humildade de saber que é preciso de uma outra mão por mais sábios e fortes que parecemos ser, há sempre alguém que nos conduz por águas tranquilas ao encontro com o Pai, renascendo de nós mesmos para os céus e se tornando parte dele, como João Batista fez com o Cristo de Deus.

Ritualize suas vivências, suas experiências ainda que pareçam simples. Eles ajudam a encerrar e iniciar os ciclos e libertam nosso coração, nos dão a possibilidade de recomeço, liberando nossas almas de amarras e criam laços com o Universo, assim como o vento que seja qual for o tempo ou direção, segue.

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