Forja diária – Saravá Ogum


Por Sid Soares


Ogum é o primeiro passo do filho que deixa de engatinhar e avança na marcha da vida, é o olhar do pai reticente, mas esperançoso de que mais que passos incertos ou estrada, o caminho do filho é a vontade. É a casa que a gente resolve morar sem ter levantado parede, e na segurança de que ela já está lá, oferecemos de abrigo a outros. Ogum é a avença dos discordantes, quando o bem comum é comum, é o Bem, ou simplesmente o amor, o sorriso da criança, a comum unidade…É a revolta sensata ao que é injusto usando o verbo para quebrar grilhões que aprisionam mentes, para despertar consciências, mas que também usa o silêncio para refletir na estratégia da sensatez que une e agrega.É a vitória da gente, de manhãzinha abrindo os olhos e sorrindo apesar de tudo, a certeza no dia quando estamos na noite mais escura, a fé no improvável. A confiança de que a Lua cabe na palma da minha mão. Ogum é nosso Ori repleto de sonhos, uma chuva deles caindo no solo da nossa cabeça que sabe que terra boa é aquela que germina o bem. É a ordem das coisas que temos e somos, ou a coragem de não aceita-las quando julgamos certo, e a audácia da mudança.Ogum é o orixá dos sonhos, é aquele brilho no olhar que nasce quando a gente escuta um amigo falar de um projeto às vezes impossível, e escapa da nossa boca: Vai dar certo! Ele não guerreia e nem abre caminhos se a certeza de que eu posso vencer o improvável não nascer primeiro em mim. E é essa forja diária que faz crescer em nós a armadura da fé porque Ogum quando vai para a guerra, só convoca os improváveis.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s