“… Qual seria a causa do congraçamento entre tradições tão diferentes no Brasil? Não fosse o bastante, podemos ainda dizer que isso acontece com maior intensidade na Umbanda, onde não apenas tradições diferentes intercambiam valores, mas também todos os extratos sociais e econômicos encontram um campo de trégua, favorecendo o convívio em termos de igualdade perante o Astral. Esta é uma “magia” que a Umbanda faz e que poucos percebem. Por trás da aparência de colcha de retalhos, existe um princípio inteligente que coordena as diferenças e promove a união pelas semelhanças.
Em outras palavras, na Umbanda não há o rico e o pobre, o douto e o analfabeto, essa ou aquela etnia. Todos sentem-se iguais e o mérito parece ser o principal fator determinante na hierarquia social. Quer dizer: o que tem mais a oferecer assume o posto de maior doador. Exercer a função sacerdotal ou semelhante corresponde a uma responsabilidade maior, uma dedicação e doação maiores, e não privilégios eclesiásticos ou políticos.
[…]
Lutamos pela Umbanda de todos, sem a primazia de Pai Fulano ou Babalaô Sicrano, muito menos daqueles que se utilizam de nomes das entidades para escudar suas empreitadas materiais…”
Fragmento retirado do livro: Umbanda a proto-síntese cósmica: epistemologia, ética e método da Escola de Síntese. YAMUNISIDDHA ARHAPIAGHA (Mestre Espiritual da Umbanda – F. Rivas Neto.