Pai Mané de Aruanda e Preta Velha Benedita


Pai Mané ontem na tenda cantava asim:

Sou preto sim
Sou preto e não sei lê
Preto pegou na pemba
Escreveu pra branco vê


Muitos leitores do nosso blog pedem para que contemos a história de Pai Mané de Aruanda.  Falar de Pai Mané de Aruanda nos remete a falar de Preta Velha Benedita e vocês vão saber o porquê.

Pai Mané, segundo nos contou ontem, nasceu em Angola, veio para o Brasil e chegou aqui como filho de escravos. Não passou pelo cativeiro e nem sofreu no tronco. Quando encarnado, o seu trabalho, na senzala, era o de levar água – escondido – para os escravos que tinham sido açoitados. Além disso, cuidava das feridas desses mesmos escravos que tinham sofrido a humilhação do tronco e levava palavras de conforto e conselhos para esses escravos sofridos. Deixou a terra cedo e quando teve permissão para vir trabalhar no terreiro de Umbanda foi designado para a Falange de Aruanda, por isso o nome da nossa tenda.

Dona Benedita, que carinhosamente chamamos de Preta Velha Benedita, tem um história parecida, também veio de Angola e trabalhou em casas de família. Mulher simples e com grande sabedoria, ajudou a construir a T. E. Pai Mané de Aruanda recolhendo das famílias mais abastadas, que conhecia, doações para a construção do terreiro. Depois do terreiro construído, um dia chegou para o nosso dirigente, dizendo que a tenda teria uma missão muito importante, a de distribuir, no dia de São Cosme e Damião, não só doces, mas um cachorro-quente acompanhado de um refresco, pois  as crianças do lugar precisavam comer mesmo que fosse só naquele dia.

Assim foi, em setembro de 1983, data que figura na foto abaixo, Dona Benedita chegou na tenda com um pacote de salsicha dizendo que essa era a sua contribuição. Esse pacote virou 100 cachorros-quentes e assim começou a nossa distribuição e contribuição. Hoje, no dia de Ibejada, a tenda distribui, não só 500 cachorros-quentes, junto com eles são entregue refrescos,  saquinhos de doces, roupas, calçados, brinquedos, enxovais para bebê e muito amor e alegria.

Ibeja está ligada diretamente, na Umbanda, com os Pretos-Velhos, portanto Pai Mané de Aruanda e Preta Velha Benedita são espíritos elevados que levam a máxima da Umbanda para frente.

“A manifestação do espírito para pratica da caridade”.

Nosso dirigente escreveu um ponto que conta a história desses dois e diz assim:


Mironga de Preto-Velho

Eu vim lá de Angola
Eu vim lá do meu gongá
Junta esse povo de Umbanda
Zinfio e vamo trabaiá
Preto-Velho trabalha sentado
Mas se for preciso
Trabalha em pé
Mironga de Preto-Velho
É galho de arruda e folha de guiné.
 

 

Preta-Velha Benedita

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14 comentários em “Pai Mané de Aruanda e Preta Velha Benedita

  1. cQueria muito saber da historia da vovo chica da bahia mais nao acho em lugar nenhum pq minha avo trabalhava com ela mais ela veio a falecer

  2. Pingback: Festa de Preto-velho | Tenda Espírita Pai Mané de Aruanda

  3. Srs.
    Saravá!
    Meu nome é Ivan, sou carioca e moro atualmente em Petrópolis. Navegando, pela internet, encontrei o site da TEPMA e estou apreciando-o. Por “coincidência” encontrei os nomes Benedita e Pai Mané. Minha avó, por parte de mãe, chamava-se Benedicta e um de seus filhos, Gustavo. De família de espíritas, meu tio Gustavo , incorporava o Pai Mané. Eu, menino, talvez uns 7 anos, pedi para ser cambono e fui aceito (um gesto muito dócil e inteligente do Pai Mané). A vida foi passando e me afastei de minha família, não por brigas mas, por necessidades. Morei na Bahia por uns 13 anos e lá recebi uma imagem e uma guia de contas pretas e brancas, numa cerimônia religiosa reservada. Hoje, com 58 anos, às vésperas de completar 59, estou sentindo, cada vez mais, a necessidade de fazer alguma coisa pelas pessoas carentes, principalmente idosas. Onde, aqui em Petrópolis, posso fazer alguma coisa que seja útil? Não tenho posses. Tenho respeito e amor pelas pessoas. Se puderem me indicar, peço que me mandem um e-mail para mim. Agradeço e peço a bênção de meu Pai.

    • Caro Ivan,

      Interessante esses laços afetivos com Benedita e Pai Mané.
      Não conheço muito bem Petrópolis, vamos só para passear, coisa mesmo de turista.
      Mas podemos fazer caridade de várias formas, talvez você já faça e nem sabe que está fazendo. Por exemplo, escutar um amigo que passa por uma dificuldade, ser mais tolerante com as pessoas que estão a sua volta. Um trabalho voluntário caridoso que acho muito interessante visitar casas de repousos ou orfanatos, sempre que você puder, não precisa levar nada, só seu sorriso, sua atenção e sua palavra amiga, geralmente essas pessoas se sentem muito sozinhas.

      Admiro sua vontade em ajudar, faça sempre algo pelo semelhante assim praticamos a nossa fé

      Abraços que Deus o proteja

      Sylvia Arcuri

  4. Pingback: Conversa de Terreiro « Tenda Espírita Pai Mané de Aruanda

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