“Devemos entender que a Umbanda, por ser uma religião iniciática, tem seu ritmo e sua cadência que devem ser seguidos ao pé da letra, senão interferimos no seu fluir natural e em processos e procedimentos preestabelecidos pela espiritualidade.
A grande dificuldade de alguns adeptos da Umbanda é, após consulta com um guia, ter de ir a algum ponto de força da natureza fazer um trabalho ou oferenda ou despacho. Chega a ser constrangedor, porque não sabem como fazer e não entendem o porquê de ter de fazê-los pessoalmente.
Também vemos esse tipo de dificuldade nos médiuns iniciantes. Faltam-lhes conhecimentos teórico e prático para realizar o trabalho com firmeza e confiança.
Quantas pessoas são possuidoras do dom mediúnico da incorporação e quantas têm conhecimento disso?
Não há uma estatística nesse campo. O que sabemos é que muitas pessoas vivem suas vidas terrenas em grande sofrimento, confusão mental e emocional, infelizes e sofredoras devido a uma faculdade que não dominaram por desconhecimento ou por receio de “receberem espíritos” em seus corpos.
Muita coisa já foi feita nesse campo para facilitar o entendimento sobre o espírito humano e a interatividade com as outras dimensões da vida e as realidades nela existentes, ainda que sempre reste algo a ser estudado e esclarecido.
O misticismo, o medo, o tabu, a superstição, a vergonha, a ignorância e o oportunismo sempre predominaram no entendimento do nosso espírito e do mundo espiritual que nos envolve, pois, se somos matéria, também somos espíritos.
E sempre que alguém tentou explicar essa interação, os adeptos dos dogmas e dos tabus de tudo fizeram para calá-los.”
Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas (Oferendas, Firmezas e Assentamentos)”, de Rubens Saraceni- Editora Madras.